O museu Inimá de Paula recebe na temporada de abril a junho parte do acervo tecnológico do Itaú Cultural, na exposição Arte Cibernética.Tratando do encontro entre tecnologia e arte a exposição conta com obras tanto interativas quanto contemplativas de artistas como Edmond Couchot, Daniela Kutschat, Regina Silveira entre outros.As obras, mesmo que também interativas, são essencialmente contemplativas, prezando o aspecto visual como é caso da obra "Memória" Cristaleira, de Eder Santos, em que o observador entra na obra simplesmente para contemplar um jogo imagens e projeções que não ficam somente no plano bidimensional de uma tela de projeção.O autor mistura imagens e cenas projetadas com uma escultura construída com esses mesmo objetos.No caso da obra Life Writer, de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau, os participantes datilografam um texto em uma máquina de escrever e cada letra ou palavra cria um caracter, projetado no papel, que tem seus comportamento e movimento determinados por um algorítmo genético.Esse caracter tem aspecto de insetos mutantes e asquerosos, que no plano visual geram uma sensação vezes de espanto, vezes de surpresa, por colocar o espectador num papel de "escritor de vidas" ao criar um novo mundo no limite entre o plano digital e o analógico.
Mesmo que a maioria das obras mesclem o aspecto interativo e o contemplativo, algumas delas enfatizam um deles em detrimento do outro.Les Pissenlits, Edmon Couchot e Michel Bret e OP_ERA:Sonic Dimension, de Daniela Kutschat e Rejane Cantoni, por exemplo enfatizam o aspecto interativo.A primera conta com a duração e a força do sopro do espectador para coordenar o movimento das sementes de dentes-de-leão projetadas em frente ao espectador.Essa obra traz um elemento cotidiano de qualquer cidadão para o mundo digital, tornando sua interação uma forma prazerosa de nostalgia.A segunda, trata-se de centenas de linhas virtuais dentro de um cubo que podem ser "tocadas" pelo observador.Essas "cordas" vibram com uma frequência de luz e som que variam de acordo com sua posição relativa, que é determinada pela interação do espectador.Dessa forma, ele pode produzir sua própria melodia como se estivesse tocando uma harpa gigante.Em contrapartida, obras como Pix flow #2, do LAB[au] e Text Rain, de Camile Utterback e Romy Achituv, enfatizam o aspecto contemplativo, sem necessariamente serem desinteressantes ao espectador.Essa última coloca a imagem do observador em uma tela de projeção onde também há a projeção de uma chuva de letras que podem ser acumuladas ao longo dos braços estendidos, num movimento de quem as está segurando.Assim, essas letras armazenadas formam palavras e também frases pré-programadas, formando os versos de um poema que fala de corpo e linguagem.Até que o observador monte o poema ele pode passar um bom tempo segurando palavras.A outra, tem como única forma de "interação" a observação contínua do movimento de milhares de pixels em uma escultura na forma de um console composto de quatro displays dispostos verticalmente.Por mais que o espectador não possa controlar esse movimento ou se interagir de uma outra forma, ele pode facilmente passar horas o observando atraído pela vivacidade da cor e das luzes e pelo movimento imprevisível das partículas. No geral, todas as obras trazem sensações prazerosas, sejam de encanto, de nostalgia ou até mesmo de incômodo, que contraditoriamente são bastante atrativas, talvez pela curiosidade que criam no espectador.Mesmo as obras essencialmente contemplativas despertam a atenção do observador em função do fascínio criado por seu aspecto visual.A exposição coloca em uma simples visita um caráter de diversão a seus espectadores.