Um objeto é um problema.Não no sentido mais negativo da palavra, mas no sentido de que é capaz de interromper um caminho fluente, isso faz dele um problema.No entanto, um objeto também pode ser útil para eliminar obstáculos desse caminho, são os objetos de uso.Objetos que eliminam problemas/objetos do caminho.Então, esses objetos servem ao mesmo tempo para o progresso de uma caminhada e para a obstrução dessa mesma caminhada.Contraditório,mas isso acaba por criar uma mediação entre os homens: encontro com objetos/obstáculos projetados por outras pessoas e passo a projetar objetos de uso para a remoção desses obstáculos do meu caminho, pensando em como isso pode ser feito de modo que minimize as obstruções nos caminhos de outras pessoas.Isso implica em responsabilidade.Quando o projetista responde pela outras pessoas.Ou seja, ele passa também a voltar sua atenção aos efeitos desse projeto no caminho dessas pessoas, não se fechando somente no objeto em si.Ele foca em todos os tipos de obstrução que seu objeto poderá causar, seja na obstrução natural de todo objeto ou, seja na obstrução provocada pelo que restar desse objeto no futuro.
E Flusser tem razão.Um objeto cria mesmo problemas.E vários objetos criam milhares de problemas.Não é responsável a criação desenfreada de objetos, principalmente se forem meros objetos.O progresso, seja científico ou técnico, está vinculado ao projeto em que se foca no objeto, aquele que tenta minimizar a obstrução de caminhos.Um projeto hoje deve ser desenvolvido visando esse tipo de responsabilidade: torná-lo cada vez mais útil - pois evita essa obstrução -, mas sem deixar de se preocupar com a sua sustentabilidade, afinal seus “dejetos começam a obstruir nosso caminho tanto quanto os utilitários”.Um projetista que torna seu objeto mais útil, faz aumentar seu consumo e consequentemente os obstáculos nesses caminhos, mesmo que busque minimizar esses obstáculos.
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